05.07.19

Dicas de leitura para as férias

A Biblioteca P. Oswaldo Gomes preparou 10 dicas de leitura para o bom proveito do recesso escolar.

Que tal aproveitar as férias para colocar as leituras em dia? A Biblioteca P. Oswaldo Gomes, do Colégio Medianeira, preparou algumas dicas para aquecer a imaginação durante esse recesso tão friozinho…

Aí vai:

A metamorfose

Livro célebre de Franz Kafka que retrata de forma fictícia a vida de Gregor Samsa, um caixeiro-viajante que acorda certo dia metamorfoseado num inseto horrendo. Sem ter afetado sua capacidade cognitiva e racional começa a observar e perceber a hipocrisia da condição humana à sua volta de uma forma excepcional.

Kafka consegue apresentar a realidade com traços de barbárie e indiferença diante da vida e dos problemas existenciais. Nos faz pensar na insignificância com que o ser humano trata questões essenciais da vida e quanto rejeita tudo o que lhe parece estranho. Uma lição sobre dignidade e direitos humanos.

Bartleby

A história, sem muitos detalhes, de Bartleby, um copista, ou escrevente, de aparência muito respeitável e discreta. O conto é narrado em primeira pessoa pelo patrão de Bartleby, um advogado de Wall Street, sobre o qual também não sabemos muitos detalhes. Bartleby é o funcionário mais recente do escritório e cumpre muito bem as ordens que recebe, até que um dia decide não mais cumprir, simplesmente respondendo: “Acho melhor não”.

Ou como em outras edições: “Prefiro não fazer”.

O livro se inicia aparentemente como uma história cômica, surreal, vai ganhando contornos mais profundos sobre a alma humana, com toques trágicos. Bartleby é um homem solitário que pode ter encontrado alguma forma mínima de liberdade (e felicidade) nas negações do sistema.

Para saber: Essa edição que está na foto é da Ubu, segue um projeto editorial parecido com o da Cosac, no qual o livro está todo costurado. O leitor precisa descosturar para abrir o livro e, depois, precisa rasgar as páginas para ter acesso ao texto, com uma régua de plástico que acompanha a edição. Se “lá dentro” há um funcionário que “dificulta” a vida do escritório, aqui fora temos uma edição que “dificulta” a leitura

O livro dos ressignificados

João Doederlein, que usa o pseudônimo Akapoeta, lançou em 2017 esse livro carregado de sentimentos. O jovem autor, que é um sucesso nas mídias sociais, nasceu em Brasília no ano de 1996. Ele estuda publicidade na UnB (Universidade de Brasília).

O autor ressignifica as palavras de um jeito simples. Um deleite, uma obra simples, prazerosa de ler, um livro muito divertido e sensível. Cada palavra é apresentada de uma forma nova, de um jeito singular e tocante, e às vezes parece que fala da gente mesmo, que é escrito sobre nós.

Cinderela chinesa

Quinta filha de um milionário chinês, Adeline perdeu a mãe apenas duas semanas depois de nascer. Além de sofrer com a hostilidade dos irmãos, que a responsabilizam pela morte da mãe, Adeline ainda sofre com a indiferença do pai e a crueldade da madrasta.

A segunda mulher de seu pai despreza os filhos do casamento anterior, que vivem pobremente, limitados a três refeições diárias e a apenas uma muda de roupa além do uniforme escolar. O pai ignora o que acontece em casa, deixando o terreno livre para a madrasta. Por ter ousado contrariá-la e por apresentar um rendimento exemplar na escola, Adeline padece nas mãos dessa mulher, que parece ter saído diretamente da fábula Cinderela. Por isso, acaba num colégio interno, sem visitas nem presentes, e é nos livros que encontra refúgio para sua tristeza e solidão.

É dessas leituras que vem sua redenção; aos catorze anos, ela se inscreve em um concurso internacional de peças teatrais para alunos de língua inglesa, e ganha. A partir daí, Adeline tem a chance de escapar do seu destino. O resultado dessa experiência extraordinária é ‘Cinderela chinesa’, best-seller internacional que fala com sensibilidade sobre a superação de uma infância extremamente infeliz.

República dos Argonautas

A República dos Argonautas trabalha um tema difícil: os anos conturbados do regime militar. Ciente dos riscos, Anna Flora foi feliz em todas as soluções que encontrou. Esta narrativa são as memórias ficcionais de uma garota que em 1979 tinha catorze anos e morava na Vila Madalena, em São Paulo. O próprio bairro, com suas histórias de resistência e sua vocação para as culturas alternativas, surge como um motor do enredo.

Mas talvez o mais cativante neste livro seja a naturalidade encontrada por Anna Flora ao narrar em primeira pessoa. A rotina da vida da menina que conta a história não tem nada de especial: ela mora com os pais, vai à escola, à casa de amigos, ao cinema e a festinhas, anda pelo bairro passeando à toa ou fazendo alguma compra. Sem ideologia demais e sem politização de menos, Anna Flora criou um romance juvenil em que um fragmento da história recente do país ganha a palpitação feliz e desarmada de uma encantadora adolescente de catorze anos.

Os miseráveis

Jean Valjean é condenado a trabalhos forçados por ter roubado um pão em um dia em que os filhos de sua irmã tinham fome. Libertado 19 anos depois, adota outra identidade e transforma-se em um próspero empresário. Perseguido pelo inspetor Javert, é preso, mas consegue escapar. Resgata a pequena Cosette das mãos do terrível casal Thénardier, e vai morar com ela em um convento em Paris. Anos mais tarde, explodem conflitos políticos nas ruas da cidade. A Revolução Francesa.

Terra Sonâmbula

Um ônibus incendiado em uma estrada poeirenta serve de abrigo ao velho Tuahir e ao menino Muidinga, em fuga da guerra civil devastadora que grassa por toda parte em Moçambique. Como se sabe, depois de dez anos de guerra anticolonial (1965-1975), o país do sudeste africano viu-se às voltas com um longo e sangrento conflito interno que se estendeu de 1976 a 1992.

O veículo está cheio de corpos carbonizados. Mas há também um outro corpo à beira da estrada, junto a uma mala que abriga os “cadernos de Kindzu”, o longo diário do morto em questão. A partir daí, duas histórias são narradas paralelamente: a viagem de Tuahir e Muidinga e, em flashback, o percurso de Kindzu em busca dos naparamas, guerreiros tradicionais, abençoados pelos feiticeiros, que são, aos olhos do garoto, a única esperança contra os senhores da guerra.

Aquela água toda

Equilibrado e repleto de realismo e sensibilidade, Aquela água toda é um dos principais exemplos da força emotiva da prosa de João Anzanello Carrascoza. No conto que dá nome a esta coletânea, um simples domingo de verão na praia se transforma, pelas mãos de Carrascoza, em um exemplo singelo de beleza. Já em “Passeio”, a expectativa por um fim de semana diferente leva toda a família a um estado de excitação e suspense. O primeiro beijo, descrito no conto “Cristina”, vem carregado de todo desejo inocente da primeira juventude. Mas também existem lembranças dolorosas, como a cobrança do aluguel atrasado no conto “Paz”, que incita um jovem garoto a se preocupar com a mãe.

Conjunto expressivo da obra de um dos principais contistas contemporâneos, Aquela água toda é magistral. Nesta nova edição, o artista plástico e ilustrador Visca compõe algumas imagens que expressam toda a potência e delicadeza das palavras de um dos autores mais sensíveis do país.

Haruki Murakami

Haruki Murakami, considerado um dos grandes nomes da literatura contemporânea, lançou entre 2009 e 2010 a trilogia 1Q84. No topo das listas de best sellers, apenas no Japão, chegou ao número de 4 milhões de exemplares vendidos. A história se passa no Japão de 1984 e narra a história de dois personagens. Tengo é um professor de matemática cujo sonho é publicar seu primeiro livro. Aomame é uma professora de artes marciais e defesa pessoal. Cada capítulo, alternadamente, é destinado a um deles e, aos poucos, suas trajetórias parecem convergir para um mesmo ponto.

Para quem não tem nenhuma informação sobre o livro/autor, é difícil imaginar, no começo da leitura, que haja no enredo elementos que o categorizassem como realismo fantástico. A narrativa utilizada por Murakami é envolvente e muito fluida e também por estar submersa em um mundo igual que aos poucos se desvela, a leitura, apesar de suas quase 1300 páginas, vale cada parágrafo.

Meu pé de laranja lima

Em 2010, houve uma greve dos bancários que durou quase quinze dias. Quando as agências reabriram, as filas eram enormes e eu precisava muito enfrentar uma delas. Armei-me de paciência e levei “Meu pé de laranja lima” para fazer companhia. Não demorou muito e logo as pessoas me olhavam com preocupação, porque, em pé, segurando os boletos para pagar, eu estava às lágrimas com a história do menino Zezé. Ora, uma história que consegue te tocar nessas condições, é realmente muito boa, não acha?

Se você ler “Meu pé de laranja lima”, ficará conhecendo um menino que nasce em uma família grande e tem muitos irmãos e irmãs. Ele poderia ser só mais uma criança a quem ninguém prestaria maior atenção, mas é impossível ignorar sua sensibilidade e inteligência. Os problemas de Zezé têm a ver com a pobreza e com o jeito de se relacionar com os adultos. A gente se identifica imediatamente com as cenas de amor e ódio que ele protagoniza com o pai. Enfim, prepare-se para chorar muito e amar “Meu pé de laranja lima” para sempre.

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