63 anos de Medianeira
Clique aqui e confira o relato do Chicho sobre sua história no Colégio Medianeira
[fusion_builder_container hundred_percent=”no” equal_height_columns=”no” menu_anchor=”” hide_on_mobile=”small-visibility,medium-visibility,large-visibility” class=”” id=”” background_color=”” background_image=”” background_position=”center center” background_repeat=”no-repeat” fade=”no” background_parallax=”none” parallax_speed=”0.3″ video_mp4=”” video_webm=”” video_ogv=”” video_url=”” video_aspect_ratio=”16:9″ video_loop=”yes” video_mute=”yes” overlay_color=”” video_preview_image=”” border_size=”” border_color=”” border_style=”solid” padding_top=”” padding_bottom=”” padding_left=”” padding_right=””][fusion_builder_row][fusion_builder_column type=”1_1″ layout=”1_1″ background_position=”left top” background_color=”” border_size=”” border_color=”” border_style=”solid” border_position=”all” spacing=”yes” background_image=”” background_repeat=”no-repeat” padding_top=”” padding_right=”” padding_bottom=”” padding_left=”” margin_top=”0px” margin_bottom=”0px” class=”” id=”” animation_type=”” animation_speed=”0.3″ animation_direction=”left” hide_on_mobile=”small-visibility,medium-visibility,large-visibility” center_content=”no” last=”no” min_height=”” hover_type=”none” link=””][fusion_text columns=”” column_min_width=”” column_spacing=”” rule_style=”default” rule_size=”” rule_color=”” hide_on_mobile=”small-visibility,medium-visibility,large-visibility” class=”” id=””]
Histórias para lembrar: Chicho
Memórias que fazem parte da história do Colégio Medianeira, sob a ótica do Sempre-Aluno e atualmente educador Francisco Carlos Rehme
27/02/2020 Notícias| 63 ano Medianeira, Chicho
63 anos é muito tempo. Principalmente quando pensamos na quantidade de pessoas que fizeram parte dessa história, seja como estudante, educador ou funcionário. Ao longo de todo o período, a nossa narrativa foi sendo construída por diversas peças, contribuições diárias de cada um de vocês.
Para a comemoração deste ano, decidimos montar um pequeno pedaço desse mosaico: pedimos que algumas pessoas nos contassem um pouco sobre elas – e os momentos que foram vividos por aqui.
Para começar essa série de depoimentos, convidamos um querido membro da equipe, Francisco Carlos Rehme, mais conhecido como Chicho. Entre 1970 e 1981, o professor também foi aluno do Colégio Medianeira, desde o que era chamado de Pré-Escola até o então Científico – atual Ensino Médio.
Há quanto tempo você trabalha no Medianeira e como foi o seu desenvolvimento no colégio?
No Colégio Nossa Senhora Medianeira comecei a carreira de professor aos 20 anos, quando estava ingressando no 3º ano do curso de graduação em bacharelado e licenciatura em Geografia na UFPR. Fui chamado para uma entrevista pelo Professor Rudi, diretor acadêmico e pelo coordenador da série na época, o Professor Vanderlei Navarro (que havia sido meu professor pouco menos de uma década antes) para pleitear a vaga de professor de Ensino Religioso, História e (é claro) Geografia para a 5º série, equivalente hoje ao 6º ano do Ensino Fundamental II. Acho que meu histórico como estudante do Medianeira, em geral com bom desempenho e boa interação com os professores, deve ter me ajudado, pois logo assumi duas turmas no período da tarde nos anos de 1984 e 1985, enquanto finalizava minha graduação universitária.
Se somarmos tempo de estudante e tempo de professor, o Medianeira está presente em 84% dos anos de minha vida. Ou seja, a raiz está muito profunda… quiçá como a de alguns pinheiros que vi pequenos quando era aluno e hoje são altos e majestosos no terreno do colégio.
Quais você considera os grandes diferenciais do Medianeira na educação?
Considero como muito precioso algo que, em geral, é bastante presente na educação inaciana, desde a fundação da ordem: o discernimento. Essa mescla entre a predisposição para ouvir (e contemplar uma situação, um determinado cenário) e a sabedoria de julgar e analisar. Isso faz parte do que na pedagogia chamamos de “currículo oculto”, no clima, no jeito de ser da escola.
Conte pra gente uma história marcante que você tem com o Medianeira!
Muitas histórias marcam minha relação com o Medianeira, seja do período de aluno, ou como professor. Dessas tantas, trarei aqui, uma de cada fase, então.
A COISA
Corria o ano de 1981, estava no segundo ano do “Curso Científico”, ou seja, traduzindo para o atualês, “Ensino Médio”. Motivados por algumas aulas que nos revelavam realidades que não se exibiam, ou então pouco e, de forma filtrada, na tevê e outras mídias (opressão e horrores em El Salvador, Nicarágua, nas Malvinas, onde jovens argentinos pouco mais velhos do que nós eram largados para defender não o seu país, como roboticamente se repetia, mas a manutenção de um modelo obsoleto de autoritarismo) eu e parte significativa dos colegas forjávamos nossos ideais de sociedade.
Junto a isso, éramos apresentados a novidades musicais extraordinárias (entoadas nas vozes de Milton Nascimento, Elis Regina, Caetano Veloso, Mercedes Sosa, Bob Dylan, John Lennon e tantos outros), além da literatura extemporânea de Machado de Assis ou recém-saída do forno, naqueles idos, do Gabo, o García Marques, quando rompíamos os nossos “cem anos de solidão”. Isso era encampado por uma proposta de conteúdos que permeavam principalmente a área de Língua Portuguesa e Literatura, principalmente com o notável professor Paulo Venturelli. Da orientação religiosa, lembro-me que a Professora Sheila e o Padre Dionísio jogavam a semente de algo que ainda pouco se ouvia nas aldeias ao sul do Equador: a atenção ao meio ambiente, o cuidado com as últimas florestas, com as águas dos rios, com a vida dos oceanos… Assim, bebendo dessas fontes, não foi difícil a gente ler – e arriscar a escrever – nossos primeiros poemas, crônicas…e mais, secretamente, organizarmos um evento na escola.
Por meio de folhetos espalhados pelos corredores e pátios do Medianeira, alertávamos: “A Coisa vem aí”. Paralelamente, em um grupo intitulado “Propoema”, recebíamos uma série de poesias escritas por dezenas de alunos da escola. Ao longo de uns dois ou três dias, num grupo de uns quinze colegas, lemos mais de 300 poemas que recebemos, dos quais, selecionamos 50. Fizemos isso na casa de um dos colegas que fazia questão (ainda bem) de apresentar sua jóia preciosa: o vinil de um estrondoso lançamento e que, deveria ser ouvido sempre em generoso volume: um tal de “The Wall”, de uma tal banda que já tinha rodagem, o Pink Floyd. Por certo lemos e avaliamos os poemas com uma quedazinha para versos psicodélicos, progressivos e capazes de derrubar muros, seja lá o que isso signifique.
Por fim, obtivemos do Professor Lopes, orientador educacional do setor, uma sala de aula para fazermos “A Coisa” acontecer. A sala continua existindo, situada em frente à biblioteca. É mais conhecida como a sala do Fabiano.
Nela, o Professor Fabiano ensina seus alunos a ler charges, linhas e entrelinhas.
Trançamos uma rede de varais entre as paredes da sala e penduramos, com grampos, os poemas datilografados (!) em papel A4. Do lado de fora, foram colocados os últimos cartazes e folhetos sinalizando onde, enfim, deveria estar “A Coisa”. No intervalo do recreio do dia que inauguramos a exposição de poemas dos alunos – e que foi batizada de “A Coisa” – fomos buscar nossos mestres, especialmente o Venturelli, para orgulhosamente apresentar aquilo que, apaixonadamente e de forma autônoma, havíamos montado. Durante toda aquela semana, no recreio, aquele foi o ponto de encontro de muitos alunos, de idades variadas e que se identificavam com a ideia de “soltar a voz nas estradas” e nos papeis.
O HALLEY ESTAVA NO CÉU… MAS NÃO FOI A PRINCIPAL ATRAÇÃO
Influenciado tanto pelo curso universitário como pela minha infância e adolescência em que, entre parentes e amigos, não perdíamos um inverno de céu azul e geada na relva curitibana sem pegar o trem, parar na estação do Marumbi e subir um de seus colossais morros, sempre valorizei muito as aulas de campo. Ensinar e aprender na infinita sala de aula que está na natureza da cidade e das florestas, é um mergulho de fato na ciência geográfica. Guardo grandes lembranças de, como professor, ter levado estudantes pelos caminhos da Graciosa e Itupava; pelas trilhas da ilha do Mel; em meio ao breu dos labirintos das cavernas de Campinhos; entre as encostas dos cânions, furnas e arenitos dos Campos Gerais… Mas, talvez, uma das recordações que mais embalam os momentos em que a cabeça repousa, se deu na chácara do Medianeira, em Piraquara, aos pés da Serra do Mar. Foi no começo de abril de 1986…
Nessa época aconteceria a maior aproximação do cometa Halley em relação à Terra. Acompanhávamos sua presença visível a olho nu, desde novembro de 1985, um tanto decepcionados, uma vez que a expectativa gerada era de uma exibição bem mais glamorosa. Independente da sua tímida, quem sabe acanhada passagem – afinal era a primeira vez que o cometa seria tão registrado em filmes e até sua cauda seria atravessada (!) por sonda espacial – a presença de um cometa por semanas ou meses no céu é um fenômeno astronomicamente extraordinário. Não podíamos deixar que passasse em branco.
Com a ajuda do Padre Guido Valli S.J., organizei um pernoite de observação celeste, em que o Halley seria a grande atração, na chácara de Piraquara. Foram conosco creio que 25 estudantes, a maioria com seus 10 a 11 anos (6º e 7º anos), outros do final do fundamental e do médio, inclusive no último ano do Medianeira.
O grupo poderia ser diverso no que diz respeito à faixa etária, mas tinha algo em comum: paixão pela Astronomia. Ao final da tarde, deixamos as mochilas, sacos de dormir, apetrechos, organizados num galpão, ao lado do campinho de futebol. Poucas horas depois, sobre aquele campo, outros astros iriam desfilar. Não os do esporte, mas da Cosmologia. O gramado do campo de bola virou nosso observatório astronômico. Colchonetes foram dispostos ao chão, pois devidamente acomodados, a observação seria mais proveitosa. E pasmem… o céu permaneceu incrivelmente aberto! Estrelado! Pouco comum, em se tratando de pé de serra, tão sujeito a neblina, como nuvens de chuva, tanto uma como outra, obstáculo impeditivo para qualquer espiada ao céu.
A meteorologia ajudou. Pouco depois do pôr do sol, as mais brilhantes estrelas (Sírius, Prócion, Magalhães, Betelgeuse…) começavam a responder a chamada. Presente! Presente! A aula começava pela identificação das estrelas, alfas ou betas de suas constelações. E então, bastou escurecer um pouco mais, e lá estava ele, identificável a olho nu: o Halley. O mesmo que a cada 76 anos fica brincando de ciranda em torno do Sol e que o astrônomo inglês que o batizou havia identificado no princípio do século XVIII. Verdade é que, mesmo no céu curitibano, com a poluição luminosa urbana, ele era observado. Mas, longe das luzes da cidade e de qualquer fumaça, ver o cometa e os outros astros, era outra coisa!
Com auxílio de telescópios e binóculos vasculhamos o cometa Halley. Mas, o show ficou por conta de outros corpos celestes: os meteoróides, as populares, fascinantes, “estrelas cadentes”.
Ao se aproximar do Sol, o cometa sofre um certo desgaste, perdendo, a cada translação, uma pequena parcela de sua massa. A poeira desprendida pelo cometa fica na órbita do cometa, até mesmo quando ele já está distante. Naquela noite, pudemos observar dezenas de meteoróides, associados à presença e passagem do Halley. Além do espetáculo que puderam contemplar, os alunos registravam de que constelação partiam os meteoróides, qual era sua aproximada magnitude (brilho), por quantos segundos eram vistos no céu até serem pulverizados pela atmosfera… (Uma semana depois, em uma sala de aula, à noite, o grupo se reuniu para compor uma tabela com os meteoros observados.)
Certo momento, o sono bateu e um após o outro, foram se recolhendo ao galpão. O Halley e o céu estrelado, de longe, devem ter nos acenado, numa despedida discreta da passagem de um último meteoróide, como uma célere lágrima escorrida do rosto da noite. Noite e aula Inesquecível. Como não ser?
P.S. A próxima passagem mais próxima do Halley (o que chamamos de periélio) será em 28 de julho de 2061.
[/fusion_text][fusion_gallery layout=”” picture_size=”” columns=”2″ column_spacing=”10″ gallery_masonry_grid_ratio=”” gallery_masonry_width_double=”” hover_type=”” lightbox=”yes” lightbox_content=”” bordersize=”” bordercolor=”” border_radius=”” hide_on_mobile=”small-visibility,medium-visibility,large-visibility” class=”” id=””][fusion_gallery_image image=”http://www.colegiomedianeira.g12.br/wp-content/uploads/2020/02/002.jpeg” image_id=”28432|full” link=”” linktarget=”_self” /][fusion_gallery_image image=”http://www.colegiomedianeira.g12.br/wp-content/uploads/2020/02/003.jpeg” image_id=”28433|full” link=”” linktarget=”_self” /][/fusion_gallery][/fusion_builder_column][/fusion_builder_row][/fusion_builder_container]