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No fim do ano passado, o Colégio foi apresentado ao Jornal Episteme(dianeira), uma coletânea de textos de teor filosófico produzidos pelos próprios estudantes. Aliás, essa é a principal característica da publicação: ser um jornal feito pelos estudantes e para outros estudantes. Vale ressaltar que, embora receba orientação do educador Alexandre Martins, o projeto não está vinculado à grade de avaliações, proporcionando, assim, aos jovens a liberdade de expressar suas ideias e explorar novas perspectivas propostas por seus colegas.

Os textos da primeira edição foram escritos pelos estudantes da 2ª série do Ensino Médio, que possuem um maior repertório de Filosofia, mas a 1ª série também participou com conteúdos em outras linguagens, como poemas e charges. Ao todo, são cerca de 15 alunos envolvidos no projeto.

A participação na publicação é livre, não há uma definição prévia de temas que serão abordados, também ainda não foi definida qual será a periodicidade do jornal, a equipe está chamando de “publicação espontânea”, o que talvez seja o grande diferencial desse projeto. “Não tem nenhuma pressão, é natural. A gente se identifica com o tema e escreve, algo muito individual”, lembra a estudante Helena Andrade.

Como surgiu o Jornal Episteme(dianeira)?

Alexandre comenta que o conceito do projeto, assim como o nome do jornal, já existia nos trabalhos de monitoria da disciplina de Filosofia. “A ideia era que os estudantes pudessem ter uma participação maior nas disciplinas que têm mais afinidade. Antes da pandemia havia produção de vídeo e várias outras dinâmicas, agora estamos retornando com algumas estratégias e o jornal é uma delas”, lembra.

A primeira edição foi entregue para todo o Ensino Médio, ou melhor, para todos os estudantes que mostraram interesse, nem mesmo a entrega foi imposta. “O interessante do jornal é que nos possibilitou falar sobre o que quisermos, utilizando a filosofia como base. Dessa forma, podemos expressar nossas ideias e compartilhá-las com toda a escola”, comenta o estudante João Camargo.

Por que Episteme(dianeira)?

Para explicar o porquê do nome, é preciso se aprofundar um pouco na matéria do professor Alexandre. “Na filosofia, há uma distinção entre opinião (doxa) e o que traduzimos como conhecimento científico (episteme), que representa o saber de caráter mais aprofundado. Adicionamos uma brincadeira com o nome do Colégio e essa foi a nossa escolha”, explica o educador.

É por isso que, apesar de serem textos de reflexão, os textos do jornal não são opinativos, mas sim de caráter epistêmico, com base na filosofia. E é possível observar que ao final de cada conteúdo há uma caixa explicativa mostrando qual filósofo inspirou aquela reflexão.

O que esperar das próximas edições?

A equipe conta que para as próximas edições podemos esperar o mesmo padrão elevado de textos e talvez algumas novidades que vão surgindo pelo caminho. Como a sugestão do estudante João de que seja aberto um espaço para publicações anônimas, “assim, os estudantes podem sentir maior liberdade para divulgar poemas autorais, por exemplo”.

Sobre o receio de produzir conteúdo para o jornal, a Helena tem outro conselho. “Seria legal se os alunos percebessem que não precisam ser experts no assunto para escrever sobre ele. Muitas vezes ficamos com receio de falar, porque não sabemos tudo sobre esse tema, mas o pouco que a gente sabe, já vale e pode ser útil para outra pessoa. Não tenha medo de se expressar!”.

Uma das consequências positivas do Episteme(dianeira) foi aproximar estudantes que até então não tinham contato, como é o caso da Helena e do João. “Nós temos conversas muito legais, ainda estamos aprendendo, mas é ótimo ver o outro nesse processo e conhecer as ideias incríveis que ele tem. Ao ler esse jornal, fiquei feliz em perceber que há muitas pessoas como eu, que pensam e questionam”, lembra Helena.