Medianeiríssimas: histórias de mulheres inpiradoras do Colégio Medianeira
Uma coletânea de trajetórias marcantes de figuras femininas que fazem a diferença em nossa história e no mundo.

O Colégio Medianeira não é apenas um espaço de aprendizado, mas também um ponto de encontro de histórias transformadoras. Entre salas de aula, corredores e espaços verdes, mulheres inspiradoras ajudam a construir o presente e o futuro de quem passa por aqui. Sejam educadoras, estudantes ou mães de alunos, cada uma carrega consigo uma trajetória que merece ser contada. Elas são as Medianeiríssimas.
Mulheres que ensinam e aprendem, que desafiam e se reinventam, que acolhem e transformam. Aqui, você vai conhecer a jornada de Pérola Sanfelice, educadora que encontrou na maternidade um caminho de crescimento e resistência; Naira Gimon, venezuelana que ressignificou sua profissão ao recomeçar a vida no Brasil; Eduarda Barcelos, jovem e determinada, que sonha em transformar o mundo por meio da política e da liderança feminina; Jaci Candiotto, teóloga e professora universitária, que luta por equidade de gênero e participa de projetos de pesquisa sobre ecofeminismo; e Danielle Tuoto, promotora de justiça que dedica sua trajetória à defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes. E esses são só alguns dos exemplos que temos em nossa comunidade educativa.
Pérola Goncalves de Paula Sanfelice
Educadora do Colégio Medianeira
“Você é um camaleão que está em constante mudança, mas também está se transformando cada vez mais em si mesma”. Essa foi a definição que Pérola Sanfelice recebeu do marido, Marco. Então, nada mais justo do que começar um texto sobre ela, emprestando as palavras de quem a conhece tão bem.
Pérola é uma educadora, não só porque ensina, mas principalmente porque aprende. Formada em História e Artes, atualmente ela está estudando psicanálise, o que faz parte do seu desafio constante de aprender algo novo.
Mas falar da Pérola sem mencionar a Pétala e a Coral é uma missão difícil. Não porque a maternidade seja seu único papel, mas talvez porque ser mãe a tornou ainda mais forte, ainda mais mulher.
A Pétala, atualmente com 8 anos, tem uma mutação genética, a Síndrome de Rett. E entre os desafios e descobertas, o casal encontrou no canabidiol um aliado para tratar a epilepsia, que é um dos sintomas da síndrome. Mas como o medicamento era importado e tinha um alto custo, eles entraram com uma liminar e conseguiram a substância via Estado.
Assim como a Pérola compartilha o que aprende, parecia justo também compartilhar essa descoberta com outras famílias, aí nasceu o Projeto de Lei Pétala com a ajuda do atual deputado estadual, Goura Nataraj. O objetivo é desburocratizar o acesso a medicamentos à base de canabidiol (CBD) e tetrahidrocanabinol (THC). A lei foi promulgada em fevereiro de 2023.
E em meio ao novo universo apresentado pela doce Pétala, que trouxe mais amor, paciência e calma para a família, chegou a Coral. Ela sabe que “a Pétala não fala com a boca, mas fala com os olhos” e no auge dos seus 6 anos, entende o mundo melhor que tanta gente.
Essas duas meninas especiais ensinaram Pérola a não criar tanta expectativa e a dar liberdade para cada um ser o que quiser e puder ser. Mesmo que nem todo dia seja um mar de rosas, a educadora aprendeu com as plantas que a vida é cíclica e que é preciso viver cada uma dessas fases. Por isso, hoje o foco está muito mais no presente, em viver com vigor e alegria. Como se a vida fosse, e ela é, uma grande celebração.
Naira Josefina Gimon
Educadora do Colégio Medianeira
Naira Gimon, nossa educadora do setor da limpeza, trouxe consigo a cultura e o encanto do espanhol para os corredores do Colégio e as rodas de conversa. Nascida em Zaraza, no leste do estado de Guárico, na Venezuela, chegou ao Brasil em março de 2024. Apesar da saudade da família e dos desafios de recomeçar em outro país, encontrou abrigo em Curitiba, com a ajuda de um povo que, apesar da fama reservada, sabe acolher. Mas talvez isso só aconteça porque ela também acolhe — com seu sorriso tímido e um caloroso “Buenos días, mi cariño”. Quando há afeto, a língua deixa de ser uma barreira. Com um pouco de paciência, um ritmo mais pausado e alguns gestos com as mãos, todos se entendem.
Naira é uma mulher forte, aprendeu a ser assim com a vida, com a mãe e a irmã mais velha, os pilares da sua família. “Com elas, aprendi que, se caímos, levantamos — e com mais força”. Não por acaso, trabalha em um colégio. A educação já fazia parte de sua vida na Venezuela: licenciada em Educação com Docência Agropecuária, dava aulas na área. Ao chegar ao Brasil, o choque da mudança de profissão foi inevitável, mas sua disposição para aprender a levou a abraçar cada novo desafio. Hoje, brinca que sabe passar pano como ninguém. É seu jeito positivo de olhar o mundo e planejar o futuro que mais encanta.
Seus próximos passos incluem validar o diploma no Brasil, aprimorar o português, trazer a filha para perto e se aprofundar no aprendizado da costura. “Não gosto de ficar estagnada, gosto de aprender coisas novas sempre. Quando entro em uma sala de aula e vejo algo escrito no quadro, tento entender, peço ajuda às minhas amigas. Tenho sede de conhecimento”, comenta.
Lerida da Silva, educadora do Colégio, conhece a experiência de mudar de país — nasceu no Brasil, mas foi morar no Paraguai quando ainda era muito nova e depois de anos retornou ao seu país de origem. Por isso, pergunta a Naira sempre com carinho: “¿Qué necesitas?”. Pequenos gestos fazem toda a diferença. Adriana Luz, outra educadora, organiza rifas para ajudá-la. Elas são apenas dois exemplos de uma comunidade que se formou no Medianeira. Porque, por trás de uma grande mulher, há sempre outras grandes mulheres. Que bom.
Assim, dia após dia, aprendemos novas palavras, culturas e histórias. E trocamos o estranhar por um afetuoso “te extraño”.
Español
Naira Gimon, nuestra educadora del sector de limpieza, trajo consigo la cultura latina y el encanto del español a los pasillos del Colegio y a las ruedas de conversación. Nacida en Zaraza, en el este del estado de Guárico, en Venezuela, llegó a Brasil en marzo de 2024. A pesar de la nostalgia por su familia y de los desafíos de empezar de nuevo en otro país, encontró refugio en Curitiba con la ayuda de un pueblo que, a pesar de su fama reservada, sabe acoger. Pero quizás eso solo sucede porque ella también acoge, con su sonrisa tímida y un cálido “buenos días, mi cariño”. Cuando hay afecto, el idioma deja de ser una barrera. Con un poco de paciencia, un ritmo más pausado y algunos gestos con las manos, todos se entienden.
Naira es una mujer fuerte; aprendió a ser así con la vida, con su madre y su hermana mayor, los pilares de su familia. “Con ellas aprendí que, si caemos, nos levantamos — y con más fuerza”. No por casualidad trabaja en un colegio. La educación ya formaba parte de su vida en Venezuela: licenciada en Educación con Docencia Agropecuaria, daba clases en esa área. Al llegar a Brasil, el impacto de cambiar de profesión fue inevitable, pero su disposición para aprender la llevó a abrazar cada nuevo desafío. Hoy, bromea diciendo que sabe pasar el trapo como nadie. Su forma positiva de ver el mundo y de planear el futuro es lo que más encanta.
Sus próximos pasos incluyen validar su título en Brasil, mejorar su portugués, traer a su hija para que esté cerca y profundizar en el aprendizaje de la costura. “No me gusta quedarme estancada, me encanta aprender cosas nuevas. Cuando entro en un aula y veo algo escrito en la pizarra, intento entenderlo, pido ayuda a mis amigas. Tengo sed de conocimiento”, comenta.
Lerida da Silva, educadora del Colegio, conoce bien la experiencia de cambiar de país: nació en Brasil, pero se fue a vivir a Paraguay cuando aún era muy joven, y después de años regresó a su país de origen. Por eso, siempre le pregunta a Naira con cariño: “¿Qué necesitas?”. Pequeños gestos marcan la diferencia. Adriana Luz, otra educadora, organiza rifas para ayudarla. Y ellas son solo dos ejemplos de una comunidad que se ha formado en el Medianeira. Porque detrás de una gran mujer, siempre hay otras grandes mujeres. ¡Qué bueno!
Así, día tras día, aprendemos nuevas palabras, culturas e historias. Y cambiamos la extrañeza por un afectuoso “te extraño”.
Eduarda Barcelos
Sempre-aluna
“Celebrar a existência das mulheres é celebrar a força de lutas, é celebrar a vida.” Com essa frase de impacto, Eduarda Barcelos, sempre-aluna do terceirão Áster, traduz a essência de sua jornada. Aos 19 anos, sua vivência e conhecimento inspiram outras mulheres a sonhar e transformar o mundo.
Desde o 9º ano, Eduarda se envolveu em projetos sociais, pesquisas científicas e oportunidades internacionais de estudo. Após concluir sua formação no Medianeira, aprofundou seu interesse por política e foi aprovada, com bolsa integral, em dois programas altamente concorridos: o Harvard Undergraduate International Relations Scholars Program e o Institute for Youth in Policy. Durante essas formações, participou de palestras e conversas com diplomatas, embaixadores e agentes da CIA, desenvolvendo propostas de políticas públicas.
Seu currículo impressiona, mas o que realmente a distingue é sua convicção de que o conhecimento deve ser compartilhado. Sua principal causa é a promoção da liderança feminina como ferramenta de transformação social, especialmente na luta pela justiça climática. “Pesquisei sobre essa conexão e me enxerguei nela. A figura feminina e a natureza estão ligadas, principalmente, porque ambas geram vida”.
Foi no Medianeira que Eduarda descobriu seu propósito: trabalhar com e para as pessoas, gerando impacto social. “Cresci no Colégio. Aqui aprendi pensamento crítico, compaixão e a ser Magis. Hoje sei que uma das formas mais belas de viver é servir”.
Para Eduarda, a educação é a chave do empoderamento feminino, mas precisa caminhar junto à política. Ela destaca a necessidade de maior representatividade feminina nos espaços de decisão: “Uma mudança estrutural só será possível quando mais mulheres tiverem voz na política. Só nós sentimos essa luta na pele”.
Seu próximo passo? Cursar Relações Internacionais em uma universidade no exterior. Com bolsas de seis instituições, ela ainda está decidindo qual caminho seguir. Mas uma coisa é certa: em um futuro próximo, Eduarda poderá ocupar um dos espaços de representação política e social que tanto almeja — e inspirar muitas outras meninas a continuarem essa corrente de luta, inspiração e transformação.
Jaci de Fatima Souza Candiotto
Mãe de estudantes
Jaci Candiotto está acostumada a ocupar espaços tradicionalmente masculinos. Foi assim em 1992, quando iniciou sua graduação em Teologia na Pontificia Università Lateranense, em Roma. “Minha história de vida tornou-se uma missão educativa e, sobretudo, um engajamento na busca por equidade de gênero em todos os lugares, não só na Igreja”, afirma.
A teologia surgiu em sua vida como uma vocação, influenciada por sua família profundamente católica, onde padres e religiosas sempre estiveram presentes. Sua experiência na vida consagrada despertou um desejo ainda maior: o de aprofundar-se no conhecimento teológico. Uma frase do rabino Pinkus marcou esse despertar: “uma fé esclarecida sabe as razões de suas opções”. Para Jaci, esse é um caminho transformador. “Acredito que o estudo aprofundado em teologia pode impactar significativamente a vida de uma pessoa, tanto no âmbito pessoal quanto no comunitário”.
Desde cedo, Jaci encontrou na educação outra grande vocação. Formou-se no Magistério e iniciou sua trajetória na Educação Infantil, enxergando na sala de aula um espaço privilegiado de formação. Mais tarde, uniu suas duas paixões: hoje é docente da PUCPR, onde ministra aulas na graduação de Teologia e integra o corpo docente da Pós-Graduação em Direitos Humanos e Políticas Públicas (Mestrado e Doutorado). Além disso, coordena projetos de pesquisa, como um financiado pela Fundação Araucária sobre “Participação social e escrevivências de lideranças sociais femininas no Paraná” e outro pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) sobre “Ecofeminismo: a reavaliação das relações entre seres humanos e natureza”.
Mãe de Sophia e Marcelo, Jaci sempre teve como objetivo proporcionar aos filhos uma formação acadêmica sólida, sem deixar de lado a visão crítica e realista do mundo e da sociedade — valores que encontrou na Educação Jesuíta.
Para ela, o Dia Internacional da Mulher é muito mais do que uma data comemorativa: é um momento de reflexão e luta. “Precisamos avançar na conscientização entre as mulheres sobre sua capacidade de liderar e ocupar espaços que historicamente lhes foram negados. Isso não é apenas uma questão de equidade de gênero, mas de justiça para toda a humanidade. Permitir e acolher a participação feminina na construção do bem viver no mundo é essencial”.
Ter em nossa comunidade educativa mulheres como Jaci — que reconhecem seu lugar no mundo e lutam para que cada vez mais mulheres ocupem espaços, liderem projetos e reivindiquem seus direitos — enche-nos de esperança.
Danielle Tuoto
Mãe de estudantesO sonho de Danielle Tuoto é ver crianças e adolescentes no lugar que lhes pertence: no centro das decisões, como prioridade absoluta. Seu dia a dia é marcado pela luta incansável para transformar esse ideal em realidade — garantindo que políticas públicas saiam do papel e que os recursos cheguem onde realmente importam.
Promotora de Justiça, Danielle atua na 3ª Promotoria de Justiça da Infância e Juventude e no Centro de Apoio Operacional das Promotorias da Criança e do Adolescente e da Educação do Ministério Público do Paraná. Também coordena o Fórum Nacional dos Membros do Ministério Público da Infância e Adolescência. Mas sua ocupação vai além de um trabalho — é uma missão. “Ser promotora significa muito mais do que passar em um concurso público e assumir uma função. Representamos a sociedade e temos a missão constitucional de defender a ordem jurídica, o regime democrático e os interesses sociais e individuais indisponíveis”. É preciso resistência e coragem para encarar a realidade e transformá-la.
No mês da mulher, Danielle propõe ações voltadas a uma parcela específica de mulheres, às mães. “A legislação prevê que a família é a primeira responsável por garantir os direitos das crianças e dos adolescentes. Mas se a mãe, se a mulher que cuida, tem seus direitos violados, está fragilizada ou é vítima de violência, como poderá oferecer os cuidados necessários aos filhos? E quando falamos em cuidado, não se trata apenas de prover condições materiais, mas de garantir afeto, segurança e amor”.
Mãe de Henrique e Felippe, estudantes do Medianeira, Danielle enfrenta o desafio de educar dois meninos para um mundo plural. E sua aposta está na equidade. “Sempre digo que nós, pais, devemos ensinar aos nossos filhos não apenas o conceito de igualdade, mas de equidade — e não só de gênero. Se eles entenderem que cada pessoa precisa receber o que lhe é necessário para exercer seus direitos em condições de justiça, teremos filhos que respeitam as mulheres, as pessoas com deficiência e os idosos”.
Em casa, ela se permite aprender tanto quanto ensina. Os filhos lhe mostram os atalhos das redes sociais, falam sobre tecnologia e futebol, e também a ajudam a compreender os desafios de ser adolescente nos dias de hoje. E por mais que a agenda esteja lotada, ela encontra tempo para manter a casa cheia, para assistir a um jogo do Club Athletico Paranaense ou para qualquer momento que ajude a criar memórias. Porque, no fim das contas, o que realmente importa é manter a família unida.