Reunião de pais: as tecnologias são aliadas ou inimigas para a saúde mental dos jovens?
Encontro virtual debate sobre o tema e procura estratégias para o uso responsável das telas
Sabemos, como pais/mães e educadores/as que a tecnologia faz parte do nosso dia a dia, e certamente, com muita intensidade, da vida dos nossos estudantes, filhos e filhas. Como realidade tão presente no cotidiano de todos/as nós, é sempre muito importante debater sobre este tema tendo em vista os impactos positivos e negativos que as tecnologias têm hoje na interação social e desempenho acadêmico dos mais jovens.
Atento à formação integral dos/as alunos/as, o Colégio Medianeira problematiza e propõe análise crítica sobre este e outros temas relevantes para a educação atual, a partir do currículo e de encontros formativos com pais/mães e responsáveis. Prof. Carlos Torra, Diretor Acadêmico, afirma ser o objetivo do Colégio Medianeira “formar pessoas competentes para enfrentarem os desafios do mundo moderno com sabedoria e discernimento, e isto envolve o exercício da autonomia responsável. Por isso, encorajamos e educamos nossos estudantes para fazerem escolhas conscientes sobre como utilizar a tecnologia disponível, reconhecendo momentos adequados para o estudo concentrado e interação social offline.”
Diante disso, na última semana, a equipe pedagógica da Unidade 2, contou com a participação da psicóloga e professora Ilana Andretta, que é pesquisadora do Programa de Pós-graduação (PPG) em Psicologia da Unisinos (RS) para uma roda de conversa com os pais/mães sobre este tema.
O orientador pedagógico, Mayco Delavy, comenta que o assunto surgiu como pauta de conversa em função do aumento significativo das tensões envolvendo o uso das tecnologias em sala de aula. Ao mesmo tempo, foi possível observar que essa também é uma problemática presente na casa dos estudantes.
As mídias estão a serviço de quem? Segundo Ilana Andretta essa é a primeira pergunta que todos devem fazer. “Quando estamos em um restaurante e vemos uma família entregar um celular para que a criança pare de incomodar, a serviço de quem está essa tela? A criança a utilizará de uma maneira pedagógica ou será um recurso tecnológico a serviço dos pais? São questionamentos que devemos fazer enquanto família”, comenta.
O efeito das telas no comportamento humano ainda é um assunto novo e o foco de muitas pesquisas no campo da psicologia e sociologia. “O que já temos estabelecido pela Organização Mundial da Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria é que crianças de 6 a 12 anos devem ter cerca de 2 horas de uso de telas por dia, já adolescentes acima de 13 anos podem contar com cerca de 3 horas”, lembra.
Definição de limites
Como malefícios do uso excessivo de telas é possível citar: doenças oculares, tensões posturais, transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), impulsividade, baixas habilidades sociais e pouca tolerância à frustração. Por outro lado, a partir das telas também há o acesso a informações inesgotáveis, a possibilidade de se comunicar de forma mais fácil com pessoas que não moram perto, além do estímulo para resolução de problemas e a atenção multifocal (como acontece em alguns jogos).
Por isso, Ilana acredita que a melhor estratégia para o uso das telas é o equilíbrio. “A palavra que eu quero que fique clara para as famílias é: limite. Limitem o tempo de uso, os aplicativos a que eles terão acesso, os dias de uso e tudo mais que puderem limitar. Afinal, o limite é terapêutico, é pedagógico e é, também, a função dos pais. O limite não significa proibir ou liberar, significa manter um cuidado, estabelecer regras.”, aconselha.
Outra sugestão de estratégia da psicóloga é investir em tempo de qualidade na família, principalmente com atividades que proporcionem o contato com a natureza e o banimento momentâneo do uso das tecnologias.
Sobre Ilana Andrade
Ilana Andretta é psicóloga clínica, especialista em terapia cognitivo-comportamental, também é doutora em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUC/RS. Ela é professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Unisinos, atua também como coordenadora do Grupo de Pesquisa em Intervenções Cognitivo-Comportamentais (ICCep – Unisinos), cujo objetivo é investigar, desenvolver e avaliar intervenções aplicadas em contextos de saúde.
Andretta estuda habilidades sociais de usuários de drogas, desenvolve e avalia competências socioemocionais em crianças e adolescentes e capacita para o manejo de dificuldades em situações de aprendizagem. É organizadora do livro Manual Prático de Terapia Cognitivo-Comportamental (Casa do Psicólogo, 2011) e autora de Psicologia Aplicada ao Direito (Imed, 2006).
Confira o seu TEDx Talk “Habilidades de vida para vida” produzido em 2016.