10.03.17

Josias Godoi: a arte como superação

O educador é conhecido e reconhecido pelo seu talento e dedicação nos trabalhos que realiza.

[fusion_builder_container hundred_percent=”yes” overflow=”visible”][fusion_builder_row][fusion_builder_column type=”1_1″ background_position=”left top” background_color=”” border_size=”” border_color=”” border_style=”solid” spacing=”yes” background_image=”” background_repeat=”no-repeat” padding=”” margin_top=”0px” margin_bottom=”0px” class=”” id=”” animation_type=”” animation_speed=”0.3″ animation_direction=”left” hide_on_mobile=”no” center_content=”no” min_height=”none”] Josias ao lado da escultura que produziu para decorar a Biblioteca Fase I e que ajuda também nas aulas de História do 6º ano. Foto: Jonatan Silva.

Texto e entrevista  por Jonatan Silva

O educador Josias Godoi faz parte do Colégio Medianeira desde 2012. Sua chegada foi obra do acaso, mas a sua história é construída todos os dias com um trabalho engajado na formação de sujeito excelentes humana e academicamente. Contador de histórias, Josias encanta os estudantes que vão à Biblioteca P. Oswaldo Gomes Fase I ou aos outros espaços pedagógicos do colégio.

Leia a abaixo o emocionante bate-papo com o educador.

Para começarmos, gostaria que você contasse como foi sua chegada ao Medianeira?
A minha chegada ao Colégio Medianeira foi por acaso. Eu caí de paraquedas aqui (risos).  Eu estava insatisfeito no meu antigo emprego, estava ganhando muito pouco, trabalhando apenas seis horas por dia. Eu queria arrumar um outro emprego de seis horas para conciliar [/fusion_builder_column][fusion_builder_column type=”1_1″ background_position=”left top” background_color=”” border_size=”” border_color=”” border_style=”solid” spacing=”yes” background_image=”” background_repeat=”no-repeat” padding=”” margin_top=”0px” margin_bottom=”0px” class=”” id=”” animation_type=”” animation_speed=”0.3″ animation_direction=”left” hide_on_mobile=”no” center_content=”no” min_height=”none”][com outro emprego], aumentar a minha renda e administrar melhor a minha vida.

Quando eu cheguei na empresa de RH, eu conversei com a entrevistadora e ela gostou do meu perfil. Ela disse que eu deveria buscar algo muito melhor, inclusive. Ela perguntou sobre a minha deficiência [o educador é portador de microtia] e o porquê não trabalhava compondo o quadro de PcD (Pessoa com Deficiência, segundo a legislação trabalhista). Eu comentei que não sabia que tinha essa possibilidade. Em São Paulo, eu nunca fui considerado PcD, apesar de uma vez a empresa tentar me enquadrar, mas eu não quis.

Um médico me disse que um deficiente auricular unilateral não é considerado PcD. Só que entrevistadora afirmou que eu era sim PcD e até me apresentou uma vaga de auxiliar de produção. No outro dia ela me ligou e disse: “olha, Josias, surgiu uma vaga melhor que essa de auxiliar de produção, que é no Colégio Medianeira. ” Eu conversei com o Cézar [Tridapalli, antigo coordenador da Midiaeducação], com a Elizete [bibliotecária] e a Rosane [atendente da Biblioteca Fase I] e eles gostaram do meu perfil. Demorou bastante para que me chamassem. Eu liguei para ela [a entrevistadora] e achei que não tinha sido aprovado. Ela me disse que eu estava contratado e que estava com a documentação pronta. Eu passei no médico do Medianeira, que disse que eu era PcD, como eu não tenho a orelha esquerda e faço uso de prótese. Na época, nem prótese eu usava, apenas alguns pinos, pois estava em processo de reconstrução. Do lado direito eu escuto bem pouco também, não chega a 40%. O Medianeira mudou totalmente a minha história.

Você realiza um trabalho muito interessante de contação de histórias. Quais são os desafios enfrentados para despertar o hábito de leitura nos pequenos?
O meu desafio é fazer com que eles prestem a atenção, é o encantar. Na contação de história nós temos o desafio de encantar a criança. É fazer com que, dentro da história, você crie elementos que despertem a curiosidade. Esse despertar da curiosidade faz com que o estudante venha à biblioteca e pesquise. Faz com que eles queiram saber de determinados assuntos que na história você inclui. Às vezes a história não fala exatamente sobre aquele assunto, mas você estabelece conexões. Eu costumo fazer muitas conexões no meio das histórias, seja de contos de fadas ou fábulas. Por exemplo, quando eu conto do Príncipe Sapo, eu tenho até uns slides prontos no meu computador, eu contextualizo. Eu costumo contar curiosidades sobre os anfíbios e as crianças me fazem perguntas. É uma atividade muito pedagógica.

Eu percebo que as crianças, não só gostam, como chegam aqui na biblioteca buscando sobre a vida dos sapos, os anfíbios. Faço conexão com o que a professora já trabalha em sala de aula também. No 2º ano a professora aborda esse assunto, por exemplo.

Paixão pela literatura nasceu ainda muito jovem. Foto: Arquivo pessoal.

O escritor, jornalista e cronista Ruy Castro disse, em sua mais recente passagem por Curitiba, que o paraíso deve ser um lugar com muitos livros. Como nasceu a sua relação com a literatura?
A minha paixão pela leitura aconteceu quando eu tinha aproximadamente dez anos de idade. Eu estudava em uma escola muito pequena, de seis salas apenas, que era da prefeitura de São Paulo. A escola se chama Sebastião Francisco O Negro, uma homenagem a Sebastião Francisco, que foi escravo. Os professores eram muito aplicados, tanto que, quando eu saí de lá e fui para uma escola estadual, eu percebi uma enorme lacuna de conhecimento. Eu estava muito mais avançado e eu queria voltar para a escola na qual eu estudava. Na Sebastião Francisco O Negro a gente tinha um grande desenvolvimento da leitura, eu li praticamente toda a Coleção Vagalume – O Rapto do menino de ouro, O Escaravelho do diabo, Sozinha no mundo – e essa época foi tão interessante que até a minha mãe, que não gosta de leitura, lia junto com a gente. Por ver a gente lendo, ela lia também. Nós não tínhamos televisão ainda, então, a gente passava horas e horas lendo. Foi assim que começou meu despertar pela leitura.

Citando outro autor, desta vez Alberto Manguel, que é diretor da Biblioteca Nacional da Argentina, ele diz que toda biblioteca é autobiográfica. O que a Biblioteca P. Oswaldo Gomes diz sobre você?
Eu considero que eu contribuo bastante com o espaço como sendo um espaço pedagógico. Acho que o colégio percebe que eu contribuo com práticas pedagógicas. Quando eu faço a [decoração] temática do Egito eu, não só estou pesando em uma forma decorativa, estou contextualizando uma aula do 6º ano e também despertando os estudantes a pesquisar sobre o Egito. Alguns alunos fazem desenhos e trazem para mim. No meu computador eu tenho vários desenhos feitos pelos pequenos que querem expor. Isso acaba despertando o interesse pela Arte, que é uma matéria transdisciplinar.

A biblioteca deixou de ser um local de armazenamento de livros e se transformou em um espaço de partilha de conhecimento e de experiências, com diversas atividades culturais e pedagógicas. Qual o papel dos educadores nesse processo?
Mediador de leitura. O papel do educador na biblioteca é mostra para o aluno que o livro físico traz informações preciosas, fidedignas, diferentemente, da internet, onde você nem sempre vai saber discernir o que é certo do que é errado. O livro, não, o livro direciona. É preciso criar o hábito de leitura com os livros, até para aumentar seu vocabulário, melhorar sua forma de comunicação.

Na pesquisa, quem escreveu o livro, estudou muito. O professor precisa fazer com que o aluno perceba isso. A biblioteca é um espaço muito importante, no qual você pode ter certeza de que vai encontrar todas as informações que procurar.

Nós passamos da “era Gutemberg”, inventor da prensa, para a “era Zukerberg”, fundador do Facebook. Como fazer a leitura ainda ser atrativa e saborosa quando há um convite intermitente do ciberespaço e das novas mídias?
Acho que tem que fazer conexão. Quando eu faço as contações de história eu faço a ligação com os aparatos tecnológicos. Eu uso slides, animações. Eu mostro para os estudantes que o livro é um organismo vivo, tirando do livro a história, passando para o aparato tecnológico e desenvolvendo a minha criatividade ali. A maioria dos filmes e das séries vieram do livro. Não existe uma obra cinematográfica sem uma história, sem um repertório.

Falando um pouco sobre você. O que gosta de fazer quando não está no Colégio Medianeira?
Eu gosto muito de ler, gosto de assistir séries também. Atualmente, a minha série predileta é Prison break. Eu gosto do que me instiga a questionar. Estou assistindo Homeland.

Esse ano você termina sua graduação em Artes Visuais e, se não estou enganado, gostaria de fazer uma especialização em educação para crianças com necessidades especiais. Como a arte pode ser um instrumento de inclusão?
A minha intenção é me especializar em educação especial e também algo digital, algo que conecta a Arte com o virtual. Em 2009 eu fiz Análise e Desenvolvimento de Sistemas, por isso, entendo bastante de informática e programação. Eu não consegui finalizar por causa da transição de São Paulo para Curitiba. Eu tive que trancar lá e quando eu cheguei a faculdade era muito mais cara e não pude continuar. Quando eu entrei no Medianeira, parti para a área da educação.

Como eu gosto muito da tecnologia, quero conectar Artes com tecnologia justamente para mostrar que ela está na tecnologia também. As pessoas usam as ferramentas tecnológicas, mas não valorizam o artista. Em relação à criança especial, é por tudo aquilo que eu já sofri. Hoje se utiliza a palavra bullying, na época, não existia. Eu sofri muito bullying na escola e ainda sofro na sociedade. Vejo que algumas pessoas me olham como alguém que tem deficiência física e confundem com deficiência cognitiva. Cada criança tem a sua história e seu significado próprio.

Para o educador, fazer conexões é a chave para despertar o interesse da leitura nos pequenos. Foto: Paulinha Kozlowski.

Se você pudesse escolher um momento emocionante vivenciado no Colégio, qual seria?
Acho que todas as contações de história que eu fiz com minhas colegas de trabalho. Em uma história, como eu disse antes, a gente contextualiza. Nas olimpíadas a gente faz uma peça teatral especial. Teve uma peça que marcou bastante, quando eu interpretei um galo. Foi muito emocionante. A história demonstra a diversidade e mostra o respeito e a cordialidade. Todo mundo desprezava o Porco porque ele era porco, mas no final das contas descobriram que ele era limpinho, casa dele cheirosinha.

Existe algum momento engraçado, em sua trajetória no Medianeira, que você poderia compartilhar conosco?
Lembro de uma criança que lia uma revista sobre a vida dos vagalumes. Um estudante falou para o outro: “olha que legal os vagalumes.” “Eu queria ser um vagalume”, disse o primeiro. A gente riu bastante e o menino continuou: “já pensou a gente ser um vagalume e iluminar a cidade toda?”.

Como o seu trabalho ajuda a formar sujeitos competentes, conscientes, compassivos e comprometidos?
Fazendo essa conexão entre as histórias com o respeito, a diversidade. Eu estou contando a história de maneira divertida e lúdica, e fazendo o aluno pensar.

Para terminarmos: poderia indicar um livro, um disco e um filme?
– Disco: Legião Urbana.

-Livro: O Menino do pijama listrado, de John Boyne

– Filme: Intocáveis, dirigido por Eric Toledano e Olivier Nakache.

Leia aqui o perfil de outros educadores.[/fusion_builder_column][/fusion_builder_row][/fusion_builder_container]

Ícone - Agende uma visita
Agende uma visita
Ícone - Matrículas
Matrículas

Utilizamos cookies para melhorar sua experiência em nossos sites e fornecer funcionalidade de redes sociais. Se desejar, você pode desabilitá-los nas configurações de seu navegador. Conheça nossa Política de Privacidade.

Concordo