30.03.17

Márcia Bastos: ser para os demais

Há sete anos no Medianeira, educadora é um exemplo de excelência humana e acadêmica.

Por Jonatan Silva

Prestes a completar sete anos de Colégio Medianeira, Márcia Bastos, educadora dos Meios Gráficos da Fase II, é um exemplo de excelência humana e acadêmica: sempre de bom humor e pronta para ajudar. Ela é responsável por, literalmente, colocar no papel muitos dos conteúdos das aulas do 8º ano à 3ª Série do Ensino Médio.

Para saber mais sobre a trajetória de Márcia, confira a entrevista abaixo.

Gostaria que você nos contasse como foi sua chegada ao Medianeira?
Olha, na verdade, eu nem esperava trabalhar no Medianeira. Quando eu mandei meu currículo – foi uma indicação – só que levou quase um ano para me chamarem. Foi até bem interessante, porque eu estava fazendo um treinamento em uma empresa de telefonia e não queria trabalhar lá, eu já tinha trabalhado com atendimento antes, mas era na área de saúde, que é bem melhor, você está sempre prestando um serviço para alguém, agora no telemarketing é só reclamação.

Eu entrei no meu e-mail e tinha três e-mails do Cézar [fusion_builder_container hundred_percent=”yes” overflow=”visible”][fusion_builder_row][fusion_builder_column type=”1_1″ background_position=”left top” background_color=”” border_size=”” border_color=”” border_style=”solid” spacing=”yes” background_image=”” background_repeat=”no-repeat” padding=”” margin_top=”0px” margin_bottom=”0px” class=”” id=”” animation_type=”” animation_speed=”0.3″ animation_direction=”left” hide_on_mobile=”no” center_content=”no” min_height=”none”][Tridapalli], que na época era o coordenador do Mediaeducação, me chamando para fazer uma entrevista. Eu liguei para cá e marquei a entrevista. Eu cheguei atrasada, desci no ponto errado, estava toda suada, mas fiz a entrevista com o Cézar e com a Liu [Liliane Grein, supervisora dos Meios Gráficos]. Passaram uns 10 ou 12 dias e ninguém me chamou, pensei até que alguém já tinha sido contratado. Minha mãe falou assim: “Márcia, você não vai ligar no Colégio?”. Eu disse: “mãe, acho que já contrataram”. “Você que quer o emprego é que tem que ligar”, ela respondeu. Eu liguei e falei com o Cézar, que comentou que ainda não tinha chamado ninguém e que me ligaria no dia seguinte. E ligou, às 8h da manhã. No outro dia eu fui na outra empresa e dei tchau para todo o pessoal.

O que me chamou a atenção no Medianeira, primeiro foi estar em um colégio e você começa a trabalhar em um ambiente que traz coisas boas para você. Aqui dentro você está sempre aprendendo. Quando eu cheguei aqui, as primeiras reuniões, no seminário dos educadores novos, eu pensei: “o que eu estou fazendo aqui?”. Eu não entendi os textos do Edgar Morin. Com o tempo você percebe que vai absorvendo, trazendo aquilo para a sua vida e a sua cabeça começa a mudar, no sentido do que você quer para os seus filhos, entendeu?

E foi assim. Vai fazer sete anos em maio que eu estou aqui e acredito que o Medianeira trouxe muitas mudanças. Sabe quando muda a sua perspectiva de vida? Foi isso o que aconteceu.

Como você via o ambiente escolar e qual é a sua visão hoje em dia?
Os meus filhos estudaram sempre em colégios estaduais e a gente sabe que tem uma diferença muito grande no ensino, só que eu não tinha conhecimento do tamanho dessa diferença. Quando eu vim para o Medianeira, e fui direto para os Meios Gráficos, eu comecei a preparar os materiais de sala e eu já tinha a Isabelle, que hoje faz faculdade, no 8º ano. Eu comparava com o que tinha em casa e percebia que a minha filha não tinha nem metade disso. As aulas de inglês aconteciam a cada 15 dias quando tinha professor. Eu comecei a notar como o ensino faz diferença.

Quando teve todo o processo para eles virem para o Colégio, foi bem difícil para a minha filha mais velha, tanto que ela queria sair do Medianeira. Ela falou assim: “mãe, é muito difícil”. Eu conversava com ela: “filha, você tem que tentar, tem que perguntar. Você não pode desistir”. Tanto que ela teve um crescimento gigantesco dentro do Colégio. Hoje ela está fazendo faculdade e eu percebo a diferença que fez na vida dela.

Eu acho que o Medianeira tem um diferencial muito grande: ele prepara o aluno acadêmica e humanamente. Eu vejo a minha filha, que tem 18 anos, cursando Serviço Social e preocupada com o bem-estar das pessoas e com aquilo que, muitas vezes, a gente acha que é um favor que o governo está fazendo, mas não é um favor, é dever. Isso tudo ela aprendeu aqui dentro. Eu tenho certeza de que para os meus filhos menores, que ainda estão no Medianeira, vai fazer uma diferença enorme.

Você trabalha nos Meios Gráficos Fase II. Conte-nos um pouco sobre o seu dia a dia.
Ali a gente prepara material para sala de aula, normalmente do 8º ano à 3ª Série do Ensino Médio, que tem uma rotina bem grande de estudos. Só que o nosso setor acaba fazendo toda a parte de convites, cartazes.

Bem, eu preparo os materiais. Têm alguns que já chegam mais ou menos no padrão e têm aqueles que você precisa colocar no padrão do Colégio. Faço as apostilas, que também têm um formato. E eu, como mãe, tenho um outro olhar. Eu aprendi com a Liu, digamos, como deixar o material com uma qualidade visual melhor. Eu percebo isso em casa. Quando eu vou preparar um material, eu não penso que estou fazendo aquilo porque o professor pediu. Eu quero saber como o aluno vai receber esse material. Vamos fazer no formato de um livro para ficar mais fácil de o aluno manusear, deixar o estudante mais tranquilo? Então, assim, é muito gratificante, é muito trabalho, é denso. Às vezes temos prazos curtíssimos, mas vale a pena você ver aquele material bem feito.

A gente lida com prazos, às vezes precisa lidar com o equipamento que falha e a demanda é muito grande. Eu lembro que quando eu cheguei, com os professores mais antigos, como o Olindo, o Valdemiro, eu rapidamente me levantava e ia atendê-los, eles me olhavam um pouco desconfiados: “será que eu entrego o material para ela?” (risos). Com o passar dos anos eu criei um diálogo muito bacana com os professores, tanto que eu não tenho problema de relacionamento, eu consigo negociar prazos se eu vejo que não vou dar conta. Então, ficou, como eu posso dizer?, um trabalho gostoso. Posso dizer que venho trabalhar e não fico tensa, mesmo eu tendo muitas coisas para fazer. A gente se organiza de uma forma que você coloca tudo em ordem. Tem dias que parece que a gente não vai conseguir entregar, mas a gente sempre consegue.

Márcia ao lado da filha, durante a abertura das Olimpíadas de 2016. Foto: Paulinha Kozlowski,

Acho que uma das coisas que te caracteriza é o sorriso, a simpatia. Como driblar as adversidades do dia a dia e manter o bom humor?
Não sei, isso já vem comigo, mas eu sempre tento me colocar no lugar dos demais. Eu tento entender que o outro precisa do material, então, na verdade, eu consigo atender bem a pessoa porque, de repente, eu quero que me tratem assim também. É muito difícil eu ser grosseira com alguém, isso não está em mim. Acho que é sempre questão de você se colocar no lugar do outro. Às vezes eu recebo algo urgente, em um prazo que eu não posso cumprir, mas eu não sei o que acontece com essa pessoa para que ela tenha que te pedir uma coisa urgente.

Isso já vinha comigo, mas o Medianeira tem muito dessa preocupação com os demais, de você ter um olhar, de você observar. Por exemplo, dentro dos Meios Gráficos têm esse clima que te faz trabalhar bem, mas por mais que a gente esteja no trabalho, você não consegue separar totalmente a sua vida pessoal da profissional, até porque passamos muito tempo no Colégio. Eu procuro me relacionar bem com as pessoas porque quando eu também não estou bem, eu posso chegar e falar. Assim, a gente consegue ter um ciclo muito bom de convivência.

Muito mais que educadora do Colégio, você é mãe de três alunos e uma de suas filhas está na faculdade. Como conciliar essas duas realidades?
Vou dizer que é difícil. Em certos momentos eu já me peguei cobrando demais [dos filhos], não separando o Medianeira-trabalho do Medianeira-mãe. Isso por uma observação que a Isabel [Piccinelli, do SOREP] fez para mim. Ela chegou um dia no balcão e falou: “Márcia, o Gustavo participou do projeto social comigo. Que ser humano incrível você tem”. Eu olhei e disse somente: “é?”. “Ele passou amor para as crianças, tanto carinho. Ele ficou o tempo todo preocupado com o chá, com o bolo das crianças”. Quando ela saiu eu me dei conta que eu tenho um filho, que não é só nota. A partir daí eu tentei separar um pouco.

Tem que ter aquele lado mãe, com carinho, conversas e brincadeiras. Eu cobro o que é preciso cobrar, mas eu deixei de cobrar algumas coisas também, tem responsabilidades que são deles. O Medianeira tem outra questão: o colégio é muito aberto quando você tem um problema. Quando eu tenho uma reunião dos meus filhos, eu sei que eu posso levantar do meu setor e ir participar. Se eu estivesse em outro lugar, talvez eu não conseguisse.

E tem outras coisas que o Colégio me traz. Teve um dia que eu saí para almoçar e o Gustavo estava jogando no campo. Eu fiquei uns 20 minutos sentada vendo ele jogar. Na hora eu pensei: “em que outro lugar eu estaria que poderia observar um momento tão único do meu filho?”. Ano passado, o ano do Terceirão da minha filha, começou com muita angústia, ela achando que não ia conseguir, mas hoje ela está fazendo Serviço Social, está gostando e levando os valores do Medianeira adiante. Aqui é uma grande família.

Você tem o sonho de fazer uma faculdade. Quais são seus planos para o futuro?
A Isabelle está me cutucando: “mãe, eu sei que você gosta dessa área. Por que não faz Serviço Social também?”. Eu digo que não sei, porque é difícil conciliar o tempo, continuar sendo mãe, continuar trabalhando e começar a estudar. Eu sei que a faculdade vai cobrar, assim como o trabalho me cobra e os meus filhos também me cobram. Porque eu sei que a minha filha me ajuda, mas tem coisas que eu não posso passar para ela.

Eu sei que tenho que fazer e sei que vou descobrir uma forma de encaixar.

Que momento você destacaria como o mais emocionante de sua trajetória no Colégio?
Olha, para mim, foi muito especial, até porque eu ainda não tinha visto, foi a abertura das Olimpíadas do Medianeira. Eu entrei no dia 5 de maio de 2010 e em junho já teve a competição. Aquele desfile foi muito emocionante. E agora, quando foi a formatura do [Terceirão] Kairós me marcou muito. As Olímpiadas que a Isabelle participou também me emocionaram muito.

E que situação engraçada você poderia compartilhar conosco?
Uma vez eu caí na entrada do Colégio, na rampinha, mas eu levantei tão rápido que eu nem sei explicar. Acho que a gente consegue dar várias gargalhadas, às vezes de pequenas coisas. Acho que isso é a liberdade que a gente tem com as pessoas.

Para finalizarmos, você poderia indicar um livro, um filme e um disco?
– Disco: Beatles e Djavan.

– Livro: A Menina que roubava livros, de Markus Zusak.

– Filme: Um Sonho de liberdade, de Frank Darabont.[/fusion_builder_column][/fusion_builder_row][/fusion_builder_container]

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